Relato de um ladrão na cruz - Parte 1

Por Carol Santana

Me peguei outro dia imaginando qual seria a história dos dois ladrões que foram crucificados ao lado de Jesus no Gólgota. O texto que segue abaixo é fictício, inspirado em Lucas 23. Minha oração é que de alguma forma, você possa se identificar com a estória. 

Tudo aconteceu rápido demais. Foi numa tarde. Estávamos com fome.Antipas me chamou e disse: “O que você acha de roubarmos o velho da estribaria?” Sabia que isso era contra a lei, mas minha fome foi maior que a razão. Seria a primeira vez que faria algo assim: Roubar. Mas Antipas já havia furtado antes. Ele sabia o que fazer. E eu o conheço desde sempre. Crescemos juntos correndo pelas ruas de Jerusalém. Minha velha mãe sempre teve receio quanto nossa amizade. Antipas sempre foi confiante demais e não tinha medo de correr riscos. Eu tímido e franzino me escondia à sua sombra para sobreviver aos meninos maiores e ser aceito no grupo.

Antipas e eu ouvimos outro dia que surgiu um novo líder entre o povo alguém vindo de Nazaré. Antipas ao ouvir isso logo retrucou: “Nazaré? Pode vir algo bom de Nazaré?” Mas eu senti o coração bater forte ao ouvir as histórias que falavam sobre ele... Perguntei o nome dele e me disseram: “Um tal de Jesus”. Disseram que Ele realizou muitos milagres e que era um grande rabi. Seria Ele o Messias? Será que finalmente nos veremos livres do domínio de Roma? Os impostos cobrados pelos romanos são altos demais e a maior parte do povo é vítima da pobreza. Inclusive Antipas e eu. Não sei se a revolução está por vir ou não. Não sei se esse Jesus é o Messias prometido. Sei apenas que estou com fome.

Esperamos a noite chegar para roubar o velho. Alta madrugada. Vamos em direção a estribaria. “O velho mora sozinho” disse Antipas. “Não vai ser difícil roubar algo dele.” Entramos facilmente no lugar. Antipas começa a revirar a taberna. Faço o mesmo. O velho escuta o barulho e surge com uma lâmpada nas mãos. Antipas desvanecido o ataca, e atinge a cabeça do velho com um pedaço de madeira. O velho cai no chão e desmaia. Antipas olha para mim e grita: “Vamos dar o fora daqui!!! Rápido!!!”  Antes de ir, olho para trás preocupado com o velho. Não queria que ele tivesse se machucado. E que cena horrível eu vi. Vejo o velho envolto em sangue. Matamos o velho Esdras.

Corremos sem rumo pelas ruas da cidade. Antipas jurava que estávamos sendo seguidos. E ele tinha razão. Um guarda da legião romana nos viu sair da taberna e nos seguiu até um beco sem saída. Antipas me disse: “Ele está sozinho. Nós somos dois. Vamos enfrentá-lo!”

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